quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Caminhos

Ah... a eterna pergunta... qual é o nosso caminho? Que direcção devemos tomar, qual o lado da estrada escolher.
Com certeza que estas problemáticas assolam muitas alminhas nos mais diversos níveis. Neste post vou dedicar-me à escolha de caminhos no plano espiritual.
Sim, porque eu também sou uma gaja com pensamentos profundos e essas tretas todas.
Fui educada pelos meus pais e pelos meus avós (e pelo Walt Disney, mas esse nunca me mandou postais no Natal).
Os meus avós maternos são católicos light, ou seja, não vão à missa mas rezam em casa e até houve alturas em que a minha avó rezava o terço para me adormecer (era o desespero, coitadinha :P).
Os meus avós paternos vão a Fátima acender velinhas, pagar promessas (não de joelhos, felizmente) e até têm um conjunto de pequenos milagres que lhes aconteceram e de que a minha avó muito se orgulha.
Os meus pais... bom, o meu pai é tão ateu que quase faz disso uma religião. Para ele acreditar em alguma coisa, qualquer que seja, denota falta de inteligência e fraqueza de espirito. A minha mãe já foi católica fervorosa mas depois dedicou-se ao ateísmo desconfiado. Ou seja, é daquelas pessoas que dizem “ eu não acredito em bruxas, mas que as há, há!”.
Cresci no meio desta mistura e apesar dos esforços herculineos do meu pai, eu acreditava. Não sabia muito bem em quê... mas acreditava. No vento, na lua, nas estrelas, na chuva... talvez a culpa fosse efectivamente do Walt Disney que não mandava postais no Natal mas que me deliciou com contos de fada.
Lá pelos meus 15 anos (no climax da adolescência, portanto) deu-me uma crise espiritual. Que coisa, estava farta de não ter um nome para chamar àquilo em que acreditava!
Fui então em busca da religião que englobasse os meus princípios.
As mais “populares” foram imediatamente descartadas por me fazer muita confusão o conceito “sofre em vida para seres feliz depois da morte”. Ora se havia coisa de que eu tinha a certeza era de que se eu estava aqui era para ser feliz.
Não demorou muito para que a minha busca por uma religião cuja entidade divina estivesse ligada à Natureza me levasse para o paganismo. Mas aí ainda tinha outro problema. Continuava a ter várias religiões com hierarquias. Ora outra coisa que fazia parte da minha lista de requisitos era “cada um sabe de si e escolhe a forma como quer viver a sua espiritualidade sem ter de “obedecer” a ritos e práticas ditados por outros indivíduos”.
Quando juntei à lista os pontos: “ acredito que sou capaz de mudar a direcção da minha vida e ter controlo sobre o meu destino”, “acredito que tudo tem o seu “espirito”, a sua energia e que podemos trabalhar a nossa” e “não acredito em coincidências e sei que as coisas acontecem por uma razão”, a escolha foi fácil.
Encontrei a religião Wicca, na sua vertente para praticantes solitários.
Pesquisei muito sobre o assunto, aprendi as crenças e regras de cada tradição. Umas guardava para mim, com outras não concordava e punha para o lado.
No fundo Wicca permitiu-me guardar os ensinamentos das várias religiões que faziam sentido para mim e deixar de fora os que iam contra os meus princípios.
A regra principal, o princípio base era “faz o que quiseres desde que não prejudiques ninguém (incluindo tu mesmo)” e pareceu-me o melhor dos conselhos que se pode dar a alguém.
Afastei-me um pouco do meu caminho nos últimos 3 anos, não porque acreditasse menos mas porque, sim confesso, tinha um bocadinho de medo que o Nuno se sentisse pouco à vontade quando eu andasse a fazer círculos e rituais lá por casa. Não queria que ele sentisse que eu o ia empurrar para as minhas convicções.
Sim, eu sou uma parva. Eu sei. A verdade, disse-me ele à pouco tempo, é que ele sempre se sentiu próximo do que eu acreditava e sentiu que eu não o queria incluir nesse “meu mundo”.
Enfim, agora andamos os dois entretidos... ele a aprender e eu a relembrar. Sabe muito bem partilhar este meu lado com ele. Faz ainda mais sentido.
E vocês aí desse lado? Em que acreditam?